sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

solto a voz na estrada


Quando moleca, não tinha aspirações eu era irritante, o equivalente ao efetivo.
Fazia uma voz rouca e grave que ocupava o espaço da casa inteira e o barato do piano executado por minha irmã. No repertório Smoke Gets in Your Eyes, Sattin Doll e All of me.
Era um show de horror, uma performance degradante frente ao instrumento.
Me rebaixava na maneira de interpretar, mas era tão honesto ao meu imaginário aos cantores, Louis Armstrong.
Não pretendia chegar a lugar algum com uma performamce sutil, clássica, afinada era mesmo o momento do escracho, time of my life!
Me lembro na sala ampla soltando o vozeirão, gastando a garganta na rouquidão, o rosto provavelmente distorcido e feio mas seguindo a letra em inglês, no ritmo do piano e por vezes interagindo com o piano, me apoiando numa pausa quando via meu reflexo.
Era meu show, eram as classes da minha irmã que enfeitava de maneira mais grotesca.
Minha mãe não dava muita atenção acho que porque esperava mais beleza, mas pescava sua passagem pela sala e seus olhares incrédulos com a piada.
Mas hoje amo as cantoras americanas Mariah Carey, Christina Aguilera, Jenifer Lopez, Kelly Clarkson ye seus trejeitos de intensidade de voz.
O canto sempre foi um retorno do que era, um ato de autodefinição que amo karaoke, gengibre, já roubei microfone  em roda de samba, cantei em luau, fiz coral na escola e ganhamos o campeonato no Tuca e participei do Coral da Usp.


Nenhum comentário: