Quando moleca, não tinha aspirações eu era irritante, o equivalente ao efetivo.
Fazia uma voz rouca e grave que ocupava
o espaço da casa inteira e o barato do piano executado por minha
irmã. No repertório Smoke Gets in Your Eyes, Sattin Doll e All of
me.
Era um show de horror, uma performance
degradante frente ao instrumento.
Me rebaixava na maneira de interpretar,
mas era tão honesto ao meu imaginário aos cantores, Louis Armstrong.
Não pretendia chegar a lugar algum com
uma performamce sutil, clássica, afinada era mesmo o momento do
escracho, time of my life!
Me lembro na sala ampla soltando o
vozeirão, gastando a garganta na rouquidão, o rosto provavelmente
distorcido e feio mas seguindo a letra em inglês, no ritmo do piano
e por vezes interagindo com o piano, me apoiando numa pausa quando
via meu reflexo.
Era meu show, eram as classes da minha
irmã que enfeitava de maneira mais grotesca.
Minha mãe não dava muita atenção
acho que porque esperava mais beleza, mas pescava sua passagem pela
sala e seus olhares incrédulos com a piada.
Mas hoje amo as cantoras americanas
Mariah Carey, Christina Aguilera, Jenifer Lopez, Kelly Clarkson ye
seus trejeitos de intensidade de voz.
O canto sempre foi um retorno do que
era, um ato de autodefinição que amo karaoke, gengibre, já roubei microfone em roda de samba, cantei em luau, fiz coral
na escola e ganhamos o campeonato no Tuca e participei do Coral da
Usp.
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