Sua manhã inaugura com um belo copo
d'água, banana ou mamão e pouco papo. Rosto pálido contra a luz
que vem da janela atrás dele, olhos diminutos e gestos assertivos
para cortar finas fatias de queijo branco.
Ao sair deixa para os passarinhos três
bananas no canteiro cheio de folhas secas caídas da árvore.
O humor de seu dia depende se a calçada
estiver varrida, sem as folhas secas.
No canteiro não é problema, nem
preguiça de retirar é porque é aduba a terra.
Caminho seco e investimento na fartura,
sua natureza.
Aliás a grama do vizinho sempre é
mais verde, e sim, projetos de iluminação, plantas ornamentais,
paisagismo. Mas sabe, a luz à noite é prejudicial a planta, a
fotossíntese deve ser durante o dia, deixa ela doidinha.
No canteiro dele, senta como bebê para
arrancar matinho da grama, fica cheio de si por ter muitas minhocas.
Seus amuletos são a mesa que trabalha
e sua esposa.
A mesa antes tinha um enorme cinzeiro e
ao final do dia bitucas mil, era o que envolvia sua fé, hoje a cobra
ainda fuma mas agora coça a cabeça.
A esposa é muito feminina, de humor
lúdico e maldade esportiva. É tímida mas sabe fazer sala.
Quando se arruma é um deslumbre, tem
bom gosto. No dia-a-dia é simples e tem jeito pra tudo.
É mãe, daquelas lobas que juntam a
matilha e oferece seu amor a todos desprotegidos.
Tem seu jeito que indifere de uma
política da boa vizinhança, corre atrás do seu e o marido oferece
alguns caprichos a ela que sabe usufruir sem piedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário