sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

a bossa













A bossa nova narra os sonhos do coração e pensamentos do espírito.
Da aventura ou desventura, a sensibilidade tem efeito de aconchegar o estilhaçado.
O corpo é a morada do espírito, a insensatez é desalmada e só o coração pode entender.
RJ é paisagem do envolvimento: calçadas, ritmo, baía, morros, nostalgia, madrugada.
Mãos dadas numa caminhada, braços soltos no coletivo, pedalinho na lagoa, alegria sobre rodas.
Pés no seco e molhado, pernas trocam, braços abraçam, batuques, mão, sucata.
Idéias vão ao encontro, sonoridade de risos, joelhos dobram na paixão, piano assertivo na solidão povoada.
Garimpo de gritos, amanhecem a vontade, verão e inverno do sentimento, anoitece o sonho.
O corpo se cuida, se comporta, se guarda ao infinito, procura teus sonhos nos meus. 
Ao se usar padece do descompasso do corpo com o sonho, se desengana, sente a verdade e vive a mentir.
Vai sapecar pelas coisas confiadas respondendo a si.

   

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Suspeita, um pé de rosa sumiu


Ontem deixei as chaves em sua mão, na porta da sala e voltei pelo caminho dos vasos.
Tem o quadro para pendurar as chaves.
No dia seguinte você não estava, nem a chave no quadro.
Você não cumpriu meu pedido e comprometeu minha confiança.
Abriu a desconfiança da fechadura do trato.
Foi ontem, mais um dia, hoje é outro; não sei o que te aconteceu: pode ter esquecido de deixar no quadro, quando deixa para depois, importa que deixou com alguém e hoje encontrei,
Resolvido, sorriso no rosto e pulga atrás da orelha.
O papo com elas na brisa fresca, sentadas na praça.
Vimos e nos encantamos com o beija-flor assim na rosa.
Nesta tarde, soube por elas quando a quem reclamou, entre boas e más histórias nossas o levante da suspeita: no meu caminho que tem vasos até a porta azul que abro sumiu um pé de rosa. Elas me disseram se tratar de dois espinhos num pau, mas, que sumiu.
Sou a principal suspeita de tal terrorismo poético.
Queria ser a culpada, mas sei que você cuida das plantas.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

óbvio como a vertigem

Era um labirinto, ele ultrapassou um dos obstáculos com a coragem de desconhecer; foi a passagem para o desencontro.
Antes havia o receio de dar um passo adiante e perder-se do ponto de partida.
Quando ainda se considerava alguém situado na realidade continua de antes foi engolfado para uma nova, fragmentada e interrompida jornada.
Vivia só, a conversar com paredes, decorar trajetos, percorrer de acordo com o entendimento as passagens secretas.
Enquanto antes vivia o mistério agora o mistério consumia sua vida, a dimensão misteriosa da vida tornou-se conhecer o desconhecido e familiarizar-se com os caminhos sem visibilidade ampliada.
O enigma estava na simplicidade de saber o que via; percorrer onde suas pernas o levavam; uma formiga rodeando lascas de pão de ló aos meus olhos na mesa do chá de domingo.
Sua situação era o medo; medo ao chegar e perder a referência do ponto de partida; sua realidade antiga e na busca da saida medo de aceitar sua condição de estar perdido  para encontrar-se fora de si.
O labirinto é a passagem do desconhecido que nos livra dos automatismos, óbvio como a vertigem.