terça-feira, 24 de dezembro de 2013

broto

De peito vasto, asas amplas, inspira agrado a atitude do corpo, a disposição marcante funciona como ponto gráfico no final de uma fase; para entoar frases na carne e no osso ou indicar dúvida, entusiasmo, descontentamento e até dor. Continuidade de presença... veste armadura, o homem da máscara de ferro encouraça o gênio mas aparece a solidariedade. No jogo de pergunta e respostas, esconde e mostra... reutilização de emoções, sentimentos parados e fosso.

Casa refúgio, abrigo, porto.

Seu braço, de mar, mãe, me carrega terra adentro, de entrada mais estreita do que para onde sou levada, um local extenso, a minha pátria, passo por você e creio te iludir assim como sou enganada. Em solo firme, o calcanhar é pai que planta o pé e mãe no alcance dos dedos a cada passo, como garras, impulsiona um novo passo e conquista um novo espaço.

Avistar a terra natal da embarcação é consolidar o destino, baía que mãe envolve e pai defende.

Em terra, despejada pelas ondas do mar, entre um lugar e outro, embrenhada em território familiar, desafio o relutante vai e vem do mar que me tira e bota domínios.
Derivada das correntes, a brisa se insinua e provoca algo de maneira oculta, fazendo-me nômade entre dunas móveis.

Rebentei do mar na terra, engolfada e mareada enquanto embarcação no mar, mãe e na terra, pai.

Tê-la, mãe, é saber eu ser, antes você, depois deu a mim. Pelo umbigo, está comigo. Em mim, só, sabendo não ser você, sem saber ser você, sendo sua, você é fora de mim que eu tenho dentro.
Metida na terra, fincada por pai, liberdade é a fundação. Do solo que ele é, sou o saber em pisar.

Do porto, linha estável divide céu e mar, horizonte que some ao anoitecer.
A perspectiva da terra para o mar ilude sem o alcance da luz, tanto quanto a chegar do mar para a terra nos braços da mãe.

Faço-me riacho, meu próprio curso d’água.
Broto de um despenhadeiro com respiração ofegante e desemboco sem obediência mas com cortesia.

Tenho em mim as asas amplas e o peito vasto.