sexta-feira, 29 de maio de 2015

deixar a vez


- O que foi?
- É a segunda vez que me pergunta, não é nada.

O olhar dele.

Lembro de quem não me compra.
A cobrança em ser aceita me traz a casa, me une as mãos.
O coração bate mais forte, sinto nos dedos o pulsar, o corpo se ocupa em preenchimento de vontade.

Antes de dormir é memória e projeção, protejo o que é meu e sofro pelo desapego.
Na passagem da noite calada, conjugo a respiração.
No desencontro do conforto, a cama me absorve como feto.
Já adulta na continuidade do tempo, rupturas rebeldes de sincronia.
Junto quero estar, me pertence a dúvida da entrega sobre o colchão, um pensamento individual não se harmoniza no limiar do outro.
 Manifesto das mãos, pernas que se roçam, cabelos entre os dedos.
Toda entrega a liberdade do outro, doação que o corpo faz tem a alma viajante.
Alma perscruta ser adorada como divindade, de mensagem direcionada à queda ao que o religa.

O olhar dele.

Tanto brilha, grande cômico, meu recôncavo.
Desfilo como imagem, me fragmenta o pensamento sobre sua opinião.

Não pergunto terceira vez, deixo a vez deixar a vez.

E a vez é deixar, um pouco aqui que integra ali, partes no todo.
Separado, penso como junto era inteiro.

Nenhum comentário: