quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

agora ou nunca e sempre

Preso a terra, as frutas nascem do pé. Caminhamos conscientes para a cova e do calcanhar tiramos força para esta travessia.

A – O agora é tudo o que tenho, nada perco e tenho toda a possibilidade de ganho.

B – O futuro é o para onde me dirijo, toda cautela agora pois daqui repercute meu trajeto.

A – Isso de pensar à frente de seu tempo é uma maneira de encaixar as peças de uma engrenagem de uma máquina grande e voraz que supõe nos comandar. O presente é o desenvolvimento concreto e em tempo real de habilidades humanas, independe do projeto.

B – Hastear a bandeira do presente é inflar-se de vaidade, diante da criação e disseminação de momentos inteiramente construídos pelo esforço pessoal e consequentemente provocar uma crença neste forjador.

A – Equivaler o encantamento a uma fantasia é uma das coisas mais incrédulas, a vida tem seus momentos, suas travessias, ascenção e declínio. Prever é gastar energia do presente para um futuro confortável, abdicando da percepção do instante em que tudo pode mudar independente de sua fé num futuro aguardado.

B – Você parece um irresponsável, você pode perder agora por não se prender à nada e a soma de todos os instantes, o acúmulo do agora é o futuro. E se cada agora preso à nada é um futuro vazio...

A – As coisas derretem, secam, estragam. São perecíveis. Também terminam e recomeçam. Mais do que algo ou alguém que vai embora fica a história, a memória, o passado por perto, o presente a limpo e o futuro incerto ao longe.

B – Algumas coisas se conservam se são bem planejadas, não considero o perfil do homem somente no seu aspecto biológico, e mesmo assim a procriação é uma projeção que responde a permanência do homem.

A – Acho possível artificializar a vida sendo genuíno, mas implicada à inseparável imperfeição do ser humano e sua busca pela idéia e o perfeito que o tornam ao mesmo tempo e junto, ridículo. Enquanto os artifícios estão presentes para suprir falhas humanas, o estímulo do homem é justamente a busca para significar sua falível organização sendo transfigurada no desespero do desamparo. A solidão que habita cada um como verdade superiora e os artifícios para viver a mediocridade comum;

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