quarta-feira, 21 de outubro de 2009

an passant

O encontro de dois universos distintos, o cravo e a rosa, ocorreu naquele pequeno local, que palpitava alegria e prazer de estar com o corpo presente atento à melodia graciosa de um domingo qualquer.
Promessas de uma culinária simples no aconchego do lar durante o tempo consumido pelo cigarro amigo. Projeto de mesa posta, feita por ingredientes comuns que significam planos de suprimir a ansiedade de conhecer as peculiaridades do outro, novo em ambas as vidas e que se cruzaram por um acaso. Mesa envolta de cheiros agradáveis que despertavam o apetite de compartilhar.
Semana corrida, projetos pessoais cumpridos e a chegada do fim de semana que clamava por encontro. Voltamos ao local de partida da história, quando prevaleceu o espírito de festa, de música, de dança. Entrosamento este que repercutiu em pensamentos sobre o encontro do cravo e da rosa. O que eles querem um do outro? Qual sua ligação?
Junto dos pensamentos um receio surgiu e a vontade de se preservar, não comparecendo ao prometido banquete, que se concretizou num convite com uma semana de distância do primeiro encontro. Mesmo com receios, sentia atraída pela alegria contagiante, leveza e sociabilidade do cravo que a levaram a remarcar esta visita para o mesmo dia no cair da tarde.
Uma caminhada pelo local preferido de São Paulo desembocou num bar, num papo, num conhecer mútuo agradável que ainda deixava questões sobre para onde caminhava, enquanto era observada meticulosamente.
Soltou-se da maneira que pode, estava junto e sem objetivos, com exceção de curtir o presente. Finalmente o estrondo! Uma badalada festa ao domingo, carona para mineiros, diversão e ruptura de limites comportados deixaram a rosa animada com tudo o que estava acontecendo. Mas o que estava acontecendo? A essa altura, não havia mais preocupações, a resposta estava no próprio acontecimento.
Mas essa ocorrência estava com travas na engrenagem, com desencontros, viagens, celulares sem crédito, enfim, uma fragilidade na comunicação que transformou em incógnita aquilo que no princípio era misterioso.
Você e eu. O cravo e a rosa. Sei agora da rosa.
O fim faz pensar no percurso decorrido e dentro dele, a personagem rosa reconheceu sua falta de confiança, de ser a dona da história, de afirmar a representação de sua beleza. Mas ainda cultiva esperança de se fortalecer resistindo à fraqueza da presença de seu espírito.
Lembranças carinhosas de quintas-feiras que acenderam seu desejo e encerraram suas expectativas.

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