O homem precisa da mãe.
Da mulher, ele critica que ela seja
noveleira. Da tela ele idolatra a malvada interesseira ou a boazinha do
rancho, até a desvirtuada que não obedece a palavra do pai ou
a novinha com sonhos.
Ele só deixa você ver novela em casa
para não ouvir detalhes do seu dia.
Mulher em casa é um bicho calado e
contemplativo que fia o pensamento tortuoso e planeja vinganças
perfumada.
Quando ela quer pegar mais pesado ela lê um livro.
No silêncio tem uma relação de amor
inaudita.
A mesa o prazer, a bebida o orgulho, os
talheres a consideração (mesmo na troca de mãos), o guardanapo a pretensão e a agilidade,
delicadeza ou brutalidade da fome uma história pessoal.
Apetite, dia bom, inapetência, baixa
estima, dieta, luta.
Espera a sobremesa para saciar
frustração, ansiedade e carência do prazer chegar ao fim.
Inicia trabalho da depressão em
cavidade e o convexo dever da louça que espuma e escorre a limpeza.
Distribui o resto em lixos, parte
técnica de desapego que se encaminham ao jardim, animal e ao
itinerário da cidade na dependência do lá fora.
A casa é uma grande coxa de frango com
alecrim roída até o osso da sorte.
Eletromésticos trituram frutas,
legumes, raivas; lavam roupas, amores, desvalores; fritam filés,
invejas, autoridades; congelam peixes, preços, temores; assam bolos,
carinhos, companhias; café; expresso de morte, de amargo, de doce,
de fim. Pula para a fruta descasca caráter, economia, saúde.
O homem precisa de ferro e cálcio
(etc) para ferver seu sangue e firmar seu osso.
A mulher sustenta rebaixada o papel
usurpador da mãe e de seu enigma da posse do filho que não é seu,
cuida de terminar tudo que começou. Conservar picles, compotas,
marido.
E diz muito casada.
Quer processar personagem bandido da
novela, ver a moça do rancho vingar, sofre com a desvirtuada que não
obedece a palavra do pai e sabe que a novinha com sonhos pode se dar
mal.
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